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HISTÓRIA

                A vila de Paranapiacaba ou, para melhor caracterizá-la, vila ferroviária de Paranapiacaba, pertence ao município de Santo André (SP), tem seu núcleo urbano localizado no topo da Serra do Mar, recebendo originalmente a denominação de Alto da Serra.

                Na dinâmica sócio-econômica-tecnológica apresentada por São Paulo no séc. XIX ocorreu a vinda da tecnologia ferroviária herdada e criada na revolução industrial inglesa. Estabeleceu-se então um vínculo entre o café e a ferrovia, definindo um ponto de intersecção no processo de desenvolvimento da economia paulista, pautada na intensa prática e cultivo da cultura cafeeira que, por sua vez, está relacionado a outro processo de ocupação territorial – da própria ferrovia, de cidades pré-existentes e das novas, do aumento populacional juntamente com a chegada dos imigrantes e da industrialização, tendo a urbanização como consequência. Nesse contexto, o porto de Santos serviu como canal para a entrada do desenvolvimento, principalmente em fins do séc. XIX. É nesse cenário que se dá a criação da Vila de Paranapiacaba.

               Àquela época, o café produzido na região de Campinas, Jundiaí e Sorocaba possuía mercado certo no exterior, mas o transporte era precário e só chegava ao porto de Santos depois de dias, em tropas de muares que transportavam  pouca carga, ou seja, pouca mercadoria, além dos percalços nos caminhos. Como solução recorreu-se à construção de ferrovias. É onde entrou a Inglaterra, com suas tecnologias advindas de uma recente Revolução Industrial, fazendo proveito de suas empresas aqui instaladas para construir ferrovias.               

 

 

LUGAR DE ONDE SE AVISTA O MAR

               A construção de uma estrada de ferro ligando o porto de Santos ao planalto teve início em 1835. Mas foi em 1850, de fato, que essa construção tomou fôlego. Em 1855, uma nova lei provincial promoveu um estímulo maior, e no dia 26 de abril e 1856 o decreto imperial 1759 concedeu à firma inglesa São Paulo Railway (SPR) a permissão da construção da Estrada de Ferro Santos – Jundiaí, e um prazo de noventa anos de concessão para possíveis explorações.

                Foi a partir da segunda metade do século XIX que a importância histórica da Vila de Paranapiacaba começou a se delinear, com a intensificação do transporte da produção agrícola no Planalto Paulista até o Porto de Santos. Em 1861 iniciou-se o trecho da Serra e no Alto da Serra do Mar, com emprego de mão-de-obra operária. O contingente era imenso. Com inauguração da ferrovia em 1867, havia se formado ali um aglomerado, já que a Railway necessariamente tinha que manter operários nesses locais. Foi então construída a Estação do Alto da Serra, que somente em 1945 passou a ser denominada Paranapiacaba. Este local começou a tomar contornos de vila, sofrendo grande influência em sua configuração urbano-arquitetônica dos ingleses, assim seguindo um traçado similar ao dos povoados-estações da Europa.

               A vila de Paranapiacaba é um exemplar de cidade construída aos moldes da arquitetura inglesa, e revolucionária do ponto de vista da adoção de uma tecnologia avançada para implantação dos sistemas funiculares da Serra do Mar. O sistema funicular foi uma iniciativa inovadora, servindo para transpor e solucionar os problemas quanto à travessia da Serra do Mar. Trata-se de um sistema

 com tração por cabos de aço sobre roldanas acionadas por máquinas a vapor fixas, que se desenvolvia por 8 km vencendo uma diferença de altitude de cerca de 750 metros, movimentando os vagões para a subida e descida engatados a veículos especiais equipados com freios, os serrabreques.

               A implantação desse sistema compreendeu um processo de transformações pelas quais passou a vila de Paranapiacaba, se desdobrando em  três períodos distintos, que determinaram a paisagem atual da vila. O primeiro na década de 1860, quando se deu a implantação do primeiro sistema  funicular, acima mencionado; o segundo, no começo do século XX, com a ampliação deste sistema através da construção de um segundo sistema funicular; e uma terceira etapa, quando foi implantado o sistema cremalheira-aderência sobre o traçado do primeiro sistema funicular.

               A vila, portanto, foi um ponto chave para a implantação da ferrovia Santos-Jundiaí que levaria a produção cafeeira até o porto de Santos. Tendo sido inicialmente denominada vila Alto da Serra, após deliberação do Conselho Nacional de Geografia, em 15 de julho de 1945, passou a ser chamada de Vila de Paranapiacaba.

              A estação foi desativada em 1977. Quatro anos depois, quando estava sendo demolida, um incêndio a destruiu. Outra foi construída em seu lugar, mas não apresenta o aspecto luxuoso que a original detinha. Também em 1977 iniciou-se um movimento de preservação da vila, quando um vereador de Santo André, José Mendes Botelho, solicitou ao CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico) seu tombamento. Em 1987 a vila e seu entorno, os antigos sistemas funiculares e a Reserva Biológica (localizada na parte alta da vila) foram tombados pelo CONDEPHAAT. Atualmente Paranapiacaba é um importante ponto turístico, preservada pela singularidade de sua arquitetura inglesa e de suas paisagens exuberantes. Em 2002, a Prefeitura Municipal de Santo André adquiriu da Rede Ferroviária Federal S.A a vila de Paranapiacaba e seu entorno, que formam uma gleba de terras de 4.597.084 m2, assim distribuídos: 335.904,81 m2 de área urbanizada e construída e 4.261.179,19 m2 de área verde, onde foi criado o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba.

             O PNMNP foi criado através do Decreto Municipal n° 14.937, de 05 de junho de 2003, com o objetivo de assegurar a conservação dos recursos naturais e a diversidade biológica da Mata Atlântica, bem como possibilitar a realização de pesquisas científicas, o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação e de turismo ecológico.

             Contíguos ao PNMNP encontram-se o Parque Estadual da Serrado Mar – Núcleo Itutinga-Pilões -  e a Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba, UCs de proteção integral administradas pela Secretaria do Meio Ambiente. Este conjunto de unidades de conservação da natureza constitui um importante continuum ecológico. A proteção desse patrimônio natural, necessariamente depende, na medida do possível, do planejamento integrado.

Referências Bibliográficas:

LAMARCA, V. A História de Paranapiacaba. AAMN, 2008.

CUNHA. M. Olhar Ecológico - Paranapiacaba. Santo André, 2001.

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